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sábado, 6 de fevereiro de 2016

GÊNEROS ARGUMENTATIVOS

DEFINIÇÃO
Sabemos que, dentre os tipos textuais, destaca-se o argumentativo - que tem como objetivo discursivo convencer o interlocutor a respeito de determinado ponto de vista. A atividade de argumentar pode ser feita de diferentes maneiras, seguindo distintos formatos. Cada um desses formatos corresponderá a uma concretização textual específica, sendo chamados de gêneros textuais, nesse caso, argumentativos. 
Uma questão que estabelece a marca de cada um desses gêneros é a quem cada texto se dirige, ou seja, quem é o seu  leitor. Assim, apresentamos, a partir daí, uma divisão de estudo desses textos.

Gênero Argumentativo
Quem é o leitor?
Marcas estruturais
Observações
Dissertação
Leitor universal, qualquer um.
Texto impessoal, sem marcas de interlocução, em linguagem objetiva e padrão culto, com rígida divisão das partes do texto argumentativo.
Pode haver ainda dissertação de tom pessoal. Contudo, essa é de cobrança escassa em concursos.
Artigo de opinião
Um certo público leitor de dada publicação.
O texto deve se adequar ao perfil do público. Assim, suas marcas de formalidade ou informalidade dependerão disso. No geral, sua estrutura é menos rígida e costuma se admitir tom pessoal.
O artigo de opinião, de modo geral, é dos gêneros argumentativos mais livres e fluídos que há.
Carta de solicitação ou de reclamação
O destinatário da carta.
Esse texto é de um remetente específico a um destinatário também específico. Portanto, são obrigatórias tanto a primeira pessoa quanto marcas de interlocução, além do cabeçalho com local e data, do vocativo e da saudação introdutórias, bem como a despedida e assinatura.
A distinção entre solicitação e reclamação não é, necessariamente, rigorosa.
Carta de leitor
O editor da revista ou autor de dada matéria.
Esse texto se assemelha ao modelo geral das cartas argumentativas, no entanto, prescinde de cabeçalho com local e data.
No geral, é um texto bastante objetivo e conciso.
Editorial
O público leitor de determinada publicação
Expressa a opinião de certa publicação, falando, portanto em nome coletivo. Sua linguagem tende a ser formal, embora acompanhe a expectativa do público leitor.

Crônica argumentativa
O público leitor da publicação que conterá a crônica.
Esse texto partilha da liberdade geral da crônica narrativa e tem em comum com esse uma motivação do cotidiano.
Em geral, essa modalidade de crônica pode se aproximar bastante do artigo de opinião.




Resenha crítica
O público de certa publicação artística ou crítica.
O texto consiste em um resumo comentado e opinativo sobre dada obra ou trecho de obra.
Pode ser pensada como uma versão bastante simplificada do ensaio.




EXEMPLIFICAÇÃO :  
    Vejamos uma exemplificação bem simples de um breve trecho de mesmo tema em cada uma das versões:
a) Dissertação
Os problemas de trânsito atuais de qualquer grande cidade são motivos de transtornos vários a seus cidadãos. No município do Rio de Janeiro, isso não é diferente e assume contornos dramáticos, em meio às obras por que passa a metrópole. Os engarrafamentos se dão em escala gigantesca, paralisando veículos, a produção e a vida das pessoas.
b) Artigo de Opinião (em uma revista de algum nível de informalidade):
Não vem sendo fácil pro carioca suportar os engarrafamentos que tomam conta da cidade por conta das obras profundas que vem ocorrendo. A cidade, de cabelo em pé, buzina sem parar buscando algum ponto de fuga. Somos quase o Estacionamento de Janeiro. 
c) Carta Argumentativa
Rio de Janeiro, 03 de dezembro de 2016. 
Excelentíssimo Sr. Prefeito da cidade do Rio de Janeiro,  Venho, por meio desta, manifestar-me quanto à situação caótica que ora nos encontramos na cidade governada por V. Exª. A situação é mais do que periclitante, atingindo níveis de inviabilidade que põem em xeque o bom funcionamento de serviços ao conjunto dos cidadãos.  
d) Carta de leitor
Caros editores da Revista Hoje, em seu último número, havia uma matéria que tratava das mudanças em curso na cidade do Rio de Janeiro. Gostaria de aqui problematizar um ponto argumentado por vocês naquela matéria: a do preço necessário a se pagar por tais mudanças. 
e) Editorial
A Gazeta de Notícias traz a seu público a sua opinião independente acerca das mudanças ora em curso na cidade do Rio de Janeiro, bem como de seus desdobramentos ao conjunto da população atual e futura. 
f) Crônica Argumentativa
Essa semana testemunhei uma cena inusitada. Uma velhinha esbravejava cobras e lagartos e outros répteis mais de difícil identificação, após ser fechada no trânsito cada vez mais alarmante do Rio de Janeiro. Ora, essa é apenas a ponta do iceberg desse inferno que tem se tornado se locomover dentro de um veículo na cidade. 
g) Resenha Crítica
Na obra Carros e cidades, de Alexandre Silveira Pontes, a questão principal em discussão é o modelo de desenvolvimento rodoviário e seu impacto à vida das cidades brasileiras. Esse ponto de vista assume especificidades e exemplificações várias ao longo dos sete capítulos da obra, os quais apresentaremos aqui. 
Como se observa, o leitor alvo causa modificações de formato bem marcantes, evidenciando também distintas finalidades, para além da argumentação.



TEXTO PARA REFLEXÃO -Tecnologia e Educação.

                                       Artigo Tecnologia e   Educação.
 O final deste milênio tem se caracterizado por grandes transformações tecnológicas, com especial ênfase nos sistema de comunicação. A comunicação deixa a ser de massa e passamos a viver a possibilidade de uma comunicação mais interativa. Do ponto de vista tecnológico cada dia mais avançamos na direção desta interatividade. Para nós, brasileiros, pelo menos por enquanto, isso se dá apenas de forma potencial. Temos uma forte concentração na propriedade dos meios de comunicação e informação. Com a possibilidade de entrada de capital estrangeiro nas empresas dos sistemas de comunicação e informação, observamos acontecer no Brasil o mesmo que já vem ocorrendo em quase todo o mudo: fusões bilionárias, megafusões e sinergias entre empresas que atuam em diversos ramos do mundo comunicacional, ou seja, editoras, órgãos de imprensa, emissoras de rádio e televisão - broadcast, assinatura cabo ou satélite - telefonia e até mesmo provedores de conexão Internet. O movimento é planetário. No Brasil, as classes A e B já possuem pelo menos a possibilidade de acompanhar um aumento significativo no número de canais de televisão. Este aumento não corresponde, no entanto, a um aumento de opções. Primeiro porque as opções são de fato, muito pequenas. O que vemos na verdade são infindáveis repetições de programas, de qualidade, no mínimo, questionáveis. Segundo, o que para mim é o mais importante, a produção destes produtos ainda continua sendo feito de forma muito centralizada. São poucos as possibilidades de produção da diversidade de imagens e sons que conhecemos por este Brasil afora.
São estes elementos importantes que precisam ser considerados e um passo significativo na transformação desta realidade é a democratização da informação. Esta democratização passa, no entanto, por vários caminhos e instâncias. Um deles é, sem dúvida, a de termos um  legislação forte de tal forma a garantir, nestes momentos de privatizações, acesso aos meios àqueles que não tem poder aquisitivo para adquirir o ingresso deste mundo de comunicação generalizada. Em julho do ano passado foi aprovada a Lei número 9.472 conhecida como Lei Geral de Telecomunicações (LGT). Nesta lei foi introduzido um dispositivo muito importante chamado Fundo para Universalização de Serviços. O artigo 81 detalhou que este fundo deveria ser criado especificamente para essa finalidade, para o qual contribuiriam prestadoras de serviços de telecomunicações (publicas e privadas). Em outras palavras, um fundo - que ainda não foi regulamentado! - com o objetivo de viabilizar o acesso aos meios e serviços. Uma das primeiras ideias presentes seria o de usar estes recursos para conectar escolas, bibliotecas, hospitais, em todo o Brasil, de tal forma a viabilizar, seja através da telefonia como do acesso à rede mundial Internet, que as famílias que hoje não dispõem destes meios privadamente - em suas próprias casas - possam dele dispor na escola pública (e gratuita) de seu próprio bairro.
Mas somente o acesso ao meio não garante nada. Precisamos trabalhar paralelamente a esta instância mais política, na busca de fortalecermos as culturas locais para que possamos disponibilizar estas informações em todos os meios disponíveis. Não resta a menor dúvida que projetos de informatização de escolas públicas em andamento já podem se constituir passos significativos nesta direção. Mas isso, se estes objetivos forem prioritários e estiverem presentes. Como digo sempre, não precisamos de Internet nas escolas mas sim de escolas na Internet. Parece uma diferença pequena mas não é! É uma diferença básica de concepção. Fortalecer as culturais locais e disponibilizá-las na rede mundial, é fortalecer o cidadão. É permitir que cada cidadão seja sujeito de sua própria história e de uma história coletiva que estará sendo construída por todos. Não resta a menor dúvida que para esta tarefa muitas instâncias precisam estar envolvidas. Os projetos estão cada dia mais presentes nas universidades, escolas públicas e organizações não-governamentais. Só com exemplos levantados de memória em Salvador/Bahia, vemos que há poucos dias foi inaugurado um Comitê para a Democratização da Informática (CDI) no bairro popular da Massaranduba; a Prefeitura Municipal esforça-se para que as escolas públicas municipais tenham suas conexões Internet; a UFBA tem um projeto de um CyberParque Anísio Teixeira, construído em conjunto com os professores da Escola Parque, que nunca saiu da papel por falta de recursos. O que vemos, portanto, é que sem uma legislação adequado e sem incentivos e apoios, sem um envolvimento mais efetivo das classes empresarias, estes projetos não sairão do papel. Serão apenas ideias. São muitos os caminhos e as velocidades deste caminhar. Mas é urgente que comecemos a avançar nesta direção.
                                                        (Nelson  Pretto )


quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

DICA SOBRE O USO DA CRASE


Crase rápida 

Só há fusão de vogais com o encontro da preposição "a"     com o artigo "a" e na presença da preposição ante os pronomes demonstrativos "aquela", "aquele", "aquilo" e o demonstrativo "a".

Não há crase antes de verbos e palavras masculinas:
"Amanhã iremos ao colégio" = "Amanhã iremos à escola"

Há crase quando o [a] equivale a "para a", "na", "pela", "com a".
"Ofereci ajuda à coordenadora." = "Ofereci ajuda para a coordenadora."
Mas: "Ofereci ajuda a ela." = "Ofereci ajuda para ela."

A crase é facultativa antes de pronomes possessivos e nomes próprios femininos.

Não há crase quando não há a fusão das vogais: "Levei à ela toda a papelada"
Aqui, o pronome pessoal "ela" não admite artigo. Levei a + ela.

Se intuímos a regra de que só se usa crase diante de palavras femininas quando há preposição seguida de artigo, evitamos ocorrências como "à 80 km", "à correr" ou "à Pedro". Afinal, nunca pensamos em crase com palavras masculinas ou verbos: daí não haver "a lápis", "a contragosto", "a custo".

Se lembrarmos que o sinal grave também elimina ambiguidades, evitamos tirar a crase em contextos que a pedem, por exemplo, "à beira", "à boca miúda", "à caça".