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sábado, 6 de fevereiro de 2016

TEXTO PARA REFLEXÃO -Tecnologia e Educação.

                                       Artigo Tecnologia e   Educação.
 O final deste milênio tem se caracterizado por grandes transformações tecnológicas, com especial ênfase nos sistema de comunicação. A comunicação deixa a ser de massa e passamos a viver a possibilidade de uma comunicação mais interativa. Do ponto de vista tecnológico cada dia mais avançamos na direção desta interatividade. Para nós, brasileiros, pelo menos por enquanto, isso se dá apenas de forma potencial. Temos uma forte concentração na propriedade dos meios de comunicação e informação. Com a possibilidade de entrada de capital estrangeiro nas empresas dos sistemas de comunicação e informação, observamos acontecer no Brasil o mesmo que já vem ocorrendo em quase todo o mudo: fusões bilionárias, megafusões e sinergias entre empresas que atuam em diversos ramos do mundo comunicacional, ou seja, editoras, órgãos de imprensa, emissoras de rádio e televisão - broadcast, assinatura cabo ou satélite - telefonia e até mesmo provedores de conexão Internet. O movimento é planetário. No Brasil, as classes A e B já possuem pelo menos a possibilidade de acompanhar um aumento significativo no número de canais de televisão. Este aumento não corresponde, no entanto, a um aumento de opções. Primeiro porque as opções são de fato, muito pequenas. O que vemos na verdade são infindáveis repetições de programas, de qualidade, no mínimo, questionáveis. Segundo, o que para mim é o mais importante, a produção destes produtos ainda continua sendo feito de forma muito centralizada. São poucos as possibilidades de produção da diversidade de imagens e sons que conhecemos por este Brasil afora.
São estes elementos importantes que precisam ser considerados e um passo significativo na transformação desta realidade é a democratização da informação. Esta democratização passa, no entanto, por vários caminhos e instâncias. Um deles é, sem dúvida, a de termos um  legislação forte de tal forma a garantir, nestes momentos de privatizações, acesso aos meios àqueles que não tem poder aquisitivo para adquirir o ingresso deste mundo de comunicação generalizada. Em julho do ano passado foi aprovada a Lei número 9.472 conhecida como Lei Geral de Telecomunicações (LGT). Nesta lei foi introduzido um dispositivo muito importante chamado Fundo para Universalização de Serviços. O artigo 81 detalhou que este fundo deveria ser criado especificamente para essa finalidade, para o qual contribuiriam prestadoras de serviços de telecomunicações (publicas e privadas). Em outras palavras, um fundo - que ainda não foi regulamentado! - com o objetivo de viabilizar o acesso aos meios e serviços. Uma das primeiras ideias presentes seria o de usar estes recursos para conectar escolas, bibliotecas, hospitais, em todo o Brasil, de tal forma a viabilizar, seja através da telefonia como do acesso à rede mundial Internet, que as famílias que hoje não dispõem destes meios privadamente - em suas próprias casas - possam dele dispor na escola pública (e gratuita) de seu próprio bairro.
Mas somente o acesso ao meio não garante nada. Precisamos trabalhar paralelamente a esta instância mais política, na busca de fortalecermos as culturas locais para que possamos disponibilizar estas informações em todos os meios disponíveis. Não resta a menor dúvida que projetos de informatização de escolas públicas em andamento já podem se constituir passos significativos nesta direção. Mas isso, se estes objetivos forem prioritários e estiverem presentes. Como digo sempre, não precisamos de Internet nas escolas mas sim de escolas na Internet. Parece uma diferença pequena mas não é! É uma diferença básica de concepção. Fortalecer as culturais locais e disponibilizá-las na rede mundial, é fortalecer o cidadão. É permitir que cada cidadão seja sujeito de sua própria história e de uma história coletiva que estará sendo construída por todos. Não resta a menor dúvida que para esta tarefa muitas instâncias precisam estar envolvidas. Os projetos estão cada dia mais presentes nas universidades, escolas públicas e organizações não-governamentais. Só com exemplos levantados de memória em Salvador/Bahia, vemos que há poucos dias foi inaugurado um Comitê para a Democratização da Informática (CDI) no bairro popular da Massaranduba; a Prefeitura Municipal esforça-se para que as escolas públicas municipais tenham suas conexões Internet; a UFBA tem um projeto de um CyberParque Anísio Teixeira, construído em conjunto com os professores da Escola Parque, que nunca saiu da papel por falta de recursos. O que vemos, portanto, é que sem uma legislação adequado e sem incentivos e apoios, sem um envolvimento mais efetivo das classes empresarias, estes projetos não sairão do papel. Serão apenas ideias. São muitos os caminhos e as velocidades deste caminhar. Mas é urgente que comecemos a avançar nesta direção.
                                                        (Nelson  Pretto )


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